sexta-feira, 17 de julho de 2009

Crepúsculo paulistano

Despenca a noite megalopolitana
Como as bolsas de valores,
Os misseis e os terrores.

Queda contagiosa, pandêmica
diagnosticada no décimo-segundo,
caindo com o reflexo de caras anêmicas.

As luzes acendem-se com o ódio
e a tristeza do trabalho inútil
tingindo as dores com neon e sódio.

Para cada passo, um maço
para cada olhar, um bar
cada rua conhecida,
uma amizade perdida
cada fachada sofrida,
uma paixão nunca vivida.

No topo, torpe espetáculo,
pulsa um coração visceral
encravado no pináculo
da torre ex-estatal

S.P. Junho de 2009

domingo, 25 de janeiro de 2009

Domingo

O dia está lindo,
o sol brilha alto no céu,
uma bela manhã de domingo
sem nada pra me preocupar.

Vão proibir as armas.
E no que me importa?
Minha arma é a escrita,
com ela eu desafio o mundo.

Vão cassar deputados.
E no que me interessa?
Minha política é de paz,
política da boa vizinhança.

O Iraque passa fome.
E eu com isso?
Meu alimento é o amor
e minha sede é de amizade.

Reconheço minha alienação,
perdoem-me por favor
mas não ligo para isso.
Não agora. Não hoje.

Hoje só quero aproveitar
um belo dia, uma tarde vadia
e a escoregadia criatura
conhecida como felicidade.

S.P, Outubro de 2005.