terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Cão

Cão não tem família
que nem tem toda gente.
sequer tem matilha
vive na rua, na via.
Cão urbano, naturalmente.

Cão não tem raízes
como qualquer vegetal.
Muda de cidades, países,
parte sem maiores crises
não sabendo se isso é normal.

Cão não tem porto
para atracar como um navio.
Vai de lado, meio torto,
sempre sozinho, sempre solto.
Obviamente, cão vadio.

Cão não escolhe seus amigos.
Apenas é escolhido
aproveita a festa, os risos
e quando todos se tornam ariscos,
some sem mostrar-se sentido.

Diante de tais consideraçãoes,
creio ter encontrado minha filiação.
Se é assim, sem recriminações
nem maiores ponderações
desejo dignamente ser chamado: Cão.

S.P., Setembro de 2007.