segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Prenúncio de tempestade

Há algo estranho no ar,
uma inquietude, um ardor,
como um céu prestes a desabar
rajado de faíscas sem cor.
Todos sentem, todos sabem,
mas fingem a normalidade,
eles enganam, eles mentem
dizem não conhecer a verdade.
Eles não querem, tentam fugir
mas ainda assim, eles vêem
Vêem o inocente cair
o carro explodir,
o poeta partir,
por meio indolor,
de um mundo no qual
não encontra valor.
Eles vêem, mas ignoram
a justiça insensata,
a raiva velada,
a criança largada
sem nem saber porque.
Porque não reagem
sabendo o que enxergam?
Eles enxergam sem ver sentido
no soldado ferido,
no larápio sorrindo
e no cachorro latindo
que insiste em avisar
o que todos conhecem
mas não reconhecem,
aumentando a sensação
de algo terrível,
algo inesperado e previsto,
apenas o estopim que antecede
o baque solitário e surdo
de nosso precioso mundo.
Mesmo assim, todos permanecem,
todos seguem, felizes e contentes
rumo à destruição
tendo o caos a sua frente
e nenhum amor no coração

S.P. 2005

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